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30 janeiro 2009

O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald



Há poucos minutos finalizei o dito clássico da literatura norte-americana pós-1ª Guerra: O Grande Gatsby, obra-prima de Frances Scott Fitzgerald.

Como é melhor eu dar a minha opinião antes de resenhar, confesso: decepcionei-me.
O resumo que vem atrás da edição da BestBolso é esse:
(...) o romance americano definitivo sobre os anos prósperos e loucos que sucederam a Primeira Guerra Mundial. O texto de Fitzgerald é original e grandioso ao narrar a história de amor de Jay Gatsby e Daisy. Ela, uma bela jovem de Lousville e ele, um oficial da marinha no início de carreira. Apesar da grande paixão, Daisy se casa com o insensível, mas extremamente rico, Tom Buchanan. Com o fim da guerra, Gatsby se dedica cegamente a enriquecer para reconquistar Daisy. Já milionário, ele compra uma mansão vizinha à de sua amada em Long Island, promove grandes festas e aguarda, certo de que ela vai aparecer. A história é contada por um espectador que não participa propriamente do que acontece: Nick Carraway. Nick aluga uma casinha modesta ao lado da mansão do Gatsby, observa e expõe os fatos sem compreender bem aquele mundo de extravagância, riqueza e tragédia.


Um romance à la Machado de Assis, não?

Fui impelido a ler esse livro por dois motivos: primeiro, ele é citado na história de Norwegian Wood, do escritor japonês Haruki Murakami - nela, o personagem principal lia Fitzgerald obsessivamente e tinha O Grande Gatsby como seu livro preferido. Como eu havia gostado muito da história de Murakami, imaginei que o autor deveria saber o que estava falando ao elogiar tanto Fitzgerald.

Segundo motivo: havia assistido recentemente ao filme O Curioso Caso de Benjamin Button no cinema e o tomado como um dos 10 melhores filmes que vi na vida. De fato, a película é fantástica, e... havia sido adaptada de um conto do Fitzgerald.

Então pensei com meus botões que ele deveria ser simplesmente O Escritor.

Encontrei O Grande Gatsby por acaso na minha livraria preferida e o comprei sem hesitação. (R$ 20 - ainda bem que foi barato.) Decidi começar a leitura no dia seguinte, saboreando os instantes anteriores ao que eu esperava ser uma inefável experiência literária.

No entanto, quando o iniciei, percebi que a escrita era meio desagradável para mim e não me atraía. De qualquer forma, poderia ser só ilusão de princípio. Mas depois de 20 páginas, tive certeza: a escrita não me agradava. Eu simplesmente não conseguia imaginar uma única cena do livro a partir das descrições do autor. Tenho uma certa exigência incorrigível como leitor: se o estilo de escrita de um determinado livro não me satisfaz, acho muito difícil o resto ser interessante.

Avançando um pouco mais na trama, aconteceu o que eu esperava: me dei conta de que o livro tem dois defeitos. Nem a escrita nem a história agradam. (Uma pessoa de bom-senso deve entender que, quando digo que a história não agrada, refiro-me à perspectiva da geração atual. O Grande Gatsby foi escrito em 1925 e não é de se admirar que boa parte do seu encanto tenha se perdido ao longo das décadas. Hoje, o livro parece bastante ultrapassado.)

Como resultado, alonguei-me em mais de uma semana para ler meras 200 páginas - outra vantagem: além de barato, o livro é curto. Fitzgerald não me atraiu como escritor e cheguei mesmo a pensar em não terminar de ler sua obra-prima. Mas fiz um esforço e terminei. Não gosto de comprar um livro e deixá-lo pela metade.



Frances Fitzgerald morreu na crença de que era um fracasso. Todas as pessoas da sua época, com exceção de seu editor, lhe disseram isso. Olhando as coisas por essa perspectiva e levando em consideração tudo o que eu disse até aqui, dá pra entender o porquê dessa rejeição por parte do público. No entanto, seus livros foram redescobertos e começaram a vender bastante nas décadas depois de sua morte. E acho que, de todos os críticos que atualmente elogiam sua obra, Fitzgerald foi, antigamente, o mais sábio deles: reconheceu que seu próprio livro era um fiasco.

Não o estou denegrindo. Muito pelo contrário: sei que é difícil escrever um livro e fico do seu lado, honrando a sinceridade com que encarava seu trabalho. Às vezes, os escritores chegam a pensar que os leitores são desprovidos de inteligência suficiente para entenderem seus textos - e concordo com os escritores. Leitores pomposos que só sabem meter o pau em um romance pululam por aí.

Bem, resumindo a ópera, O Grande Gatsby pode ser considerado o "segundo melhor livro escrito em língua inglesa do século XX" (disse uma revista), mas eu não gostei. Achei a história fraca. A trama de amor não cativa. (Seria eu um desses leitores pomposos sem inteligência?)

Prefiro uma frase que Fitzgerald escreveu avulsamente no prefácio de um dos seus primeiros romances: Um escritor deve escrever para a juventude de sua geração, para os críticos da próxima, e para os mestres de todo o sempre.

Dessa frase, sim, gostei bastante.

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