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24 janeiro 2010

Sobre autores bons, mas desconhecidos.

Acreditem, eles existem às pencas. Basta procurar direito.

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Se você, amigo (que com certeza veio parar neste blog por puro acaso), pertence à laia dos leitores de livros que não se contentam apenas com o que a lista de mais vendidos da VEJA ou da Época alardeia em suas últimas páginas, este é um tópico que provavelmente despertará a sua atenção: Autores ou livros que são ótimos, mas que são desconhecidos do público (e que não entram em lista alguma de “mais vendidos”).

Você conhece algum livro ou algum autor “anônimo” assim? Provavelmente.

Não é fácil escrever um livro.

Não é fácil achar uma obra literária que seja boa e anônima, pela simples e primordial razão de que tudo o que é bom (ou nem sempre, certo) vem à tona muito rapidamente. Embora tenhamos muitos exemplos de livros que são piegas e que, ainda assim (ou talvez por isso mesmo), conquistam o coração do público, existem também muitos autores e livros originais e ótimos que não chamam a atenção das pessoas. Por que razão? Porque não são devidamente divulgados.

(Eu poderia começar a falar aqui sobre como a mídia da televisão e dos jornais influencia o gosto alheio, etc. etc., mas vou deixar essa questão política e social de lado.)

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Bom, vamos ao que interessa. Eu gostaria de começar falando sobre um "achado" que veio cair em minhas mãos recentemente. Trata-se de um escritor: o escritor indo-americano Amitav Ghosh, que, infelizmente, só possui três romances publicados aqui no Brasil, sendo que um deles (O Cromossomo Calcutá) está esgotado há quase dez anos. Os outros dois (O Palácio de Espelho e Maré Voraz) saíram pela (ótima) editora Alfaguara. Se você fala inglês fluentemente e conhece esse idioma como a palma de sua mão, considere-se um felizardo, porque assim poderá ler os vários romances do Ghosh no original. (É, ele pertence ao grupo de escritores indianos que escrevem sobre a Índia, mas moram nos E.U.A e escrevem em inglês.)

Amitav Ghosh é um autor mundialmente reconhecido e, inclusive, chegou a ser comparado pelo The Observer a Dickens, Tolstói e Dumas na mesma frase! Seus livros geralmente abordam questões políticas, ambientais e sociais ao mesmo tempo – e o que torna tudo isso atraente é o fato de que Ghosh consegue imergir esses assuntos no meio de uma história incrivelmente cativante e cheia de aventuras e suspenses, dando margem até para a poesia e para o amor. Maré Voraz é um exemplo de um livro com essas qualidades de que estou falando.

É comum, em seus livros, Ghosh misturar elementos verídicos com elementos fictícios, criando uma história que ganha em verossimilhança por conta da citação de fatos reais ao longo do texto.

Por sinal, seu romance Sea of Poppies é considerado o Melhor Livro de 2008 por inúmeros jornais internacionais de respeito, incluindo San Francisco Chronicle, Chicago Tribune, Washington Post, New York e etc. Por informações como essa, dá para perceber que o indiano é peixe grande na literatura. E por que ele não é explorado pelos editores brasileiros? Mistério…

Estou com certa vontade de ler seu romance Palácio de Espelhos, um monumental e épico livro que fala, dentre outras coisas, sobre a colonização da Índia pelos britânicos.

Nem é fácil ficar famoso por isso.

Outro sujeito da literatura que não é muito conhecido por nós, brasileiros, mas que mesmo assim qualifico como sendo “ótimo” é o norte-americano David Benioff, autor do muito divertido Cidade de Ladrões – livro que, inclusive, mereceu uma postagem aqui no Gato Branco.

Apenas o romance supracitado de Benioff possui tradução para o português, de modo que podemos ter somente uma atevisão do que é o trabalho dele. Aliás, nem tanto: Benioff escreve muitos roteiros para o cinema, tendo já assinado projetos famosos como Wolverine – Origens e Tróia. É através desses filmes que também podemos conhecer um pouco mais do seu processo criativo. Mas na literatura… muito pouco, por enquanto.

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E você, por acaso tem alguma dica de um autor (ou de um livro) desconhecido, mas excelente?

Deixe um comentário.

:)

4 comentários:

  1. É realmente muito complicado encontrar livros e autores bons, mas completamente desconhecidos. Concordo com você sobre a questão da mídia influenciar muito nisso e é fato mesmo, afinal como os leitores vão descobrir a existência destes autores obscuros? Falta curiosidade da parte dos leitores em ir atrás de coisas interessantes. Pra mim o que facilitou algumas leituras novas foi o Skoob, através dele e das pessoas que estão lá dá pra descobrir algumas pérolas (pena que ele começa a dar sinais de 'orkutização'...).

    Eu até conheço (e recomendo) alguns autores semi-desconhecidos como Ítalo Calvino, Haruki Murakami (que você já conhece, pena que os livros traduzidos dele sejam caros e raros no Brasil) e Steven Hall (com seu romance de estréia Cabeça Tubarão). Sobre os autores citados eu fiquei muito interessado no David Benioff e seu Cidade de Ladrões, já Amitav Ghosh não me despertou tanto interesse pelo fato de não gostar muito (ainda) de leituras que abordam questões políticas, ambientais e sociais.

    Ler em inglês é uma boa. Eu mesmo já li alguns livros em inglês tranquilamente e inclusive os livros paperback são bem baratos, as vezes fica mais barato que comprar a edição nacional.

    Té mais!

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  2. Totalmente pertinente essa postagem.
    Havemos de convir que o caso se complica ainda mais se quiermos que o autor seja nacional.
    Um autor que saiba denunciar as mazelas da socieade e que ainda saiba romancear sua prosa tornado-a atrativa.

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  3. Existe muita gente que escreve bem que fica com o texto guardado na gaveta, a coletânea de contos da Cidadela Pequenas Histórias da qual eu participei mostrou bons contos de autores desconhecidos e nem profissionais ( pelo menos no meu caso) em que podemos vislumbrar contos sombrios, humorísticos, outro tipo Senhor dos Anéis.
    Quanto ao autor minha dica é Roberto AThayde, D. Miguel rei de Portugal.
    É escrito sob a forma de uma peça de teatro, e retrata os fatos que levaram à independência do Brasil e a guerra civil pelo trono de Portugal entre os irmãos D. Pedro e D. Miguel. História contada em linguagem literária.
    Uma curiosidade como colocas no teu blog aquele espaço para o leitor marcar o que achou do texto?
    Quero colocar no meu blog.

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  4. Olá, Fábio! Peço perdão por não ter visto o seu comentário antes. Não tenho o costume de revisitar postagens, mas, a partir de agora, instalei um programa que avisa sobre os comentários.

    Enfim, valeu pela dica!

    Aquele espaço para o leitor marcar pode ser encontrado nas configurações mesmas do Blogger. Dê uma vasculhada lá que você acha várias coisas!

    Abraços!

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